TACHOS
Ensaio da minha mais recente composição em territórios contemporâneos na FÁBRICA BEHRING .
Tachos
É sempre assim. Olho para alguns objetos e fico imaginando suas possibilidades sonoras. E não foi diferente dessa vez. Assim que entrei no prédio da antiga fábrica da Bhering, e me deparei com seis tachos de metal, prontos para serem percutidos. Alcancei algo que pudesse me servir de baquetas. Pronto! Voilà! O som estava no ar, o objeto ganhava outra função, os tachos antes silenciosos, guardando seus momentos passados de glória em que adoçavam a boca de milhares de crianças, ganhavam agora a função de objeto sonoro.
Estavam tão perfeitamente perfilados que era impossível não imaginá-los prontos para uma apresentação musical/sonora. Voltei para casa, depois de visitar as exposições da fábrica, lembrando dos tachos e imaginando suas possibilidades sonoras.
Retornei uma semana depois munido de baquetas diversas para experimentar e gravar os sons dos tachos. Saí de lá cheio de sons e ideias, como um menino excitado para brincar com seu brinquedo novo.
Em casa, ainda envolvido emocionalmente com aqueles objetos, comecei a colocar as ideias no papel. Os sons foram aparecendo, as possibilidades harmônicas também, as combinações de timbres, as dúvidas, os ajustes, os silêncios, até que um rascunho promissor, com início, meio e fim, surgiu.
Era hora do trabalho braçal: passar a limpo toda a partitura para um outro papel. Já um pouco menos passionalmente envolvido com os sons e as ideias sonoras, sentimentos efêmeros e solitários de orgulho e plenitude, comuns aos compositores, passam a perpassar novamente minha vida.
Tachos - o nome da composição - aparentemente chegava ao fim.
Aguarda agora sua execução, para que a magia se propague em ondas pelo ar. Aí está!!
